sábado, 13 de junho de 2009

Um dia para ser esquecido


Meu amor, você não imagina o quanto está sendo difícil para o papai escrever aqui hoje. Este foi um dia que o papai preferia esquecer que aconteceu...

Esse dia difícil tinha tudo para ser mais um daqueles alegres e divertidos. Como em tantos outros, hoje foi dia de festa, e de festa junina da Maria Luiza! Compramos sua blusa, mamãe costurou os retalhos na sua calça... e olha só que caipirinha mais fofo que você ficou!

A festa estava muito legal, com todos aqueles brinquedos que você gosta e... adivinha? Uma piscina de bolas! ;o)


A gente estava se divertindo muito, filho. Essa máquina de basquete quase pifou de tanto que você jogou! E tome de jogar bola na cesta!



Dá pra ver a sua alegria, não dá! E era com esse sorriso que o pai queria que o dia tivesse terminado. Mas bastou um segundo pra alegria virar desespero.

Num segundo seu sorriso andando em direção ao brinquedo. No segundo seguinte o som do seu choro: você tropeçou e bateu na quina da parede. Mamãe correu para te socorrer, enquanto o papai corria para pegar um pano para estancar o seu sangue. Não tinha jeito: era dali para o pronto socorro!

Que dor, meu filho! Que angústia! Da primeira vez que você caiu, papai estava no trabalho e sofreu porque não estava perto de você. Dessa vez, um turbilhão de sentimentos tomou conta de mim instantaneamente: impotência, culpa, medo...

Mas o papai tinha que controlar o nervosismo e a ansiedade para te levar em segurança o mais rápido possível para a clínica. Enquanto isso mamãe te dava todo carinho desse mundo para tentar te acalmar.

Quando enfim chegamos, a mamãe entrou com você enquanto o papai foi procurar vaga. Quando entrei na clínica eu juro: poderiam ter mil crianças chorando lá dentro que eu reconheceria o seu.

Entrei na sala e te vi chorando enquanto as palavras da doutora soavam como uma sentença: você precisava levar três pontos.

Que missão difícil: mamãe precisou segurar seu rostinho, enquanto o papai segurava seus braços e suas pernas. Papai só fazia chorar e rezar, pedindo à Deus que aqueles minutos passassem logo, enquanto você chorava e se debatia mais de medo do que de dor. Não é que você tivesse entendido, mas sabia que era muito ruim o que estava acontecendo.

De repente você ficou parado, com os braços e as pernas esticadas e já não se mexia mais. Ainda chorava muito mas já não se mexia. Parecia entender que por mais que tentasse, não adiantava: você estava entregue, filho.

Que dor, filho! Que dor de te ver assim... O pai preferia mil vezes que fosse comigo! O pai queria poder ter evitado, queria poder fazer com que você não passasse por aquilo. Só o que podia fazer era te beijar sem parar, filhote.

Enfim a doutora terminou e pudemos te colocar novamente no colo. Lá estávamos os três aos prantos! Meu caipirinha não merecia ter passado por isso!

Fomos para casa. Parecia que a mamãe e eu tínhamos levado uma surra, meu amor. Nós três apagamos na cama e dormimos por horas.

Bom para descansar e também para acabar de uma vez com esse dia sofrido.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como colocar em palavras o tamanho do amor que a vovó sente por esse netinho ? Como também dizer o quanto me doeu ler esse texto? Eu também queria estar no seu lugar , meu pequenininho . Como gostaria de poder afastar de voce toda e qualquer tipo de dor .....
Vovó Mariza .